19 de maio de 2012

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho. 
Cada momento mudei. 
Continuamente me estranho. 
Nunca me vi nem acabei. 
De tanto ser, só tenho alma. 
Quem tem alma não tem calma. 
Quem vê é só o que vê, 
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo, 
Torno-me eles e não eu. 
Cada meu sonho ou desejo 
É do que nasce e não meu. 
Sou minha própria paisagem; 
Assisto à minha passagem, 
Diverso, móbil e só, 
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo 
Como páginas, meu ser. 
O que segue não prevendo, 
O que passou a esquecer. 
Noto à margem do que li 
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Pensamentos

"Eu acredito na experiência do estranho. Acredito em passar por coisas que sabemos que serão desagradáveis. Acredito em jogar-se por becos escuros e tatear o caminho seguro ainda que os olhos não vejam a princípio. Junto do advento da luz elétrica, veio uma iminente cegueira falsa e o homem esqueceu de ver que pode enxergar no escuro, como um morcego. Não fosse por isso, não chegaria até aqui. Mas alguém apagou a luz do que fazemos de feio, de humano. Alguém apagou a luz do que a gente não deveria ver. Mas a arte, e agora a internet, nos recordaram de uma herança celular: já fomos tudo, nascemos da água, de oceanos escuros. Não há nada que não possa ser visto por olhos humanos."
http://rioetc.com.br/cronicas-cariocas/deserto-de-lixo-a-beira-mar/

11 de dezembro de 2011

Papéis invertido

Texto escrito pro concurso do blog casal sem vergonha pra concorrer a vaga de colunista do blog.


Papéis invertido
“O mundo está ao contrário e ninguém reparou.”
A frase acima exemplifica bastante a inversão dos papéis que o mundo está encenando nos últimos anos. Já estudamos romantismo, barroco, realismo, agora é a hora de compreender o contemporâneo. Há tempos vemos percebendo as transformações que o mundo está passando e o valor que essas mudanças estão recebendo na sociedade. Com muita luta, discussão e contrariedade aos poucos as novas filosofias masculinas e femininas vão ganhando espaço.

HOMEM MULHER. MULHER HOMEM
Quantas e quantas vezes ao sair pra uma festa não foram vistos homens praticando agropecuária e cultivando um verdadeiro rebanho na balada enquanto delicadas mulheres esperavam um romance com o único beijo da noite. Também foi comum homens esbanjarem as múltiplas conquistas noturnas para os amigos enquanto as mulheres choravam no dia seguinte porque ele não ligou.  Não vou dizer nesse texto que essas situações ainda não acontecem, pelo contrário, acontecem e muito, mas os tempos mudaram. As mulheres com aquele argumento chato de que é  moderna e conquistou seu espaço no mercado de trabalho, também se apropriou da liberdade. Liberdade de opinar de se impor de se respeitar e de dar pra quem ela quem quiser.
Hoje os papéis se inverteram e quem reclama da falta de decência no mundo são os homens e não mais as mulheres. Quem nunca ouviu aquele amigo dizendo: ela não presta, ela não quer nada com nada, ela é mulher pra pegar, tá difícil encontrar uma mulher boa hoje. Muitos homens irão concordar comigo nesse momento e vos digo. Não são as mulheres que não prestam e sim o mundo que tá diferente. É cada vez mais crescente encontrar mulheres preocupadas com o futuro profissional e o sucesso econômico, ouvir dizer que casamento e filhos já não são mais prioridades é quase clichê e o mais interessante que isso é a liberdade mental que isso tá causando no tão complicado cérebro feminino. Mulheres liberais e com cabeça aberta que não tem mais tempo pra tabus e preconceitos arcaicos sobre sexualidade.
Se elas não prestam não é porque deu pra você no primeiro encontro, muito menos porque arreganhou as pernas pra cima enquanto você, homem contemporâneo, queria algo mais leve nas primeiras vezes. Ela não presta porque ela mudou e não segue mais os padrões que a sociedade impunha, não dormem mais com homens pra serem a mocinha feliz do conto de fadas e sim pra gozar e ter prazer, abrindo possibilidades pra homossexualidade.
Muita coisa está mudando e vai mudar, será cada vez mais comum ver mulheres a frente de suas vidas guiando sua própria independência. Também será visto com mais frequência, homens sensíveis. Eu disse sensível, não gay. Procurando alguém pra abraçar e assistir filme nas noites frias ou talvez procurando uma namorada na balada. Só precisamos nos adaptar as mudanças.
Se o mundo está mesmo ao contrário é a hora de começar a reparar então. Comece com um like na página.
Futura colunista: Mariana Silos

18 de setembro de 2011

Androginia

 Neste post, deixo as palavras retirada de um artigo apresentado no colóquio falarem por mim. 

Entre o n(ex)o e o s(ex)o: formação de sentido, gênero e cultura das aparências
Marco Antônio Vieira

"Ainda que tomemos de empréstimo construtos de Lacan e de Judith Butler para falarmos desse mistério que é puro gris, pois que se encontra numa zona fronteiriça, numa zona litoral e o que é esta margem entre a água e a terra senão isto a que se chama fronteira?...
Andrej Pejic 2011 

...androginias. Uma vez que a roupa e a construção da aparência são máscara e encenação, as estruturas sígnicas atreladas à apresentação do macho ou da fêmea em nossa espécie são pura construção formal, situadas historicamente, dados da cultura de um período e civilização.
Ao analisarmos o panorama de imagens do passado da civilização ocidental, constata-se o quão infinitamente mais paramentados e enfeitados eram os homens do passado. Mesmo em Roma, onde , como se sabe, imperava certa austeridade no tocante às roupas, quando se comparam os romanos aos bizantinos, por exemplo, um senador era incapaz de vestir-se sem o auxílio de um servo encarregado de recobrir e envolver o corpo de seu amo com cerca de 6m de tecido. Cabe ainda lembrar que só os cidadãos romanos podiam trajar a toga e, portanto, excluíam-se deste privilégio societal, as mulheres, o que assinala o quanto o gênero sempre esteve associado às estruturas autorizadoras do poder na sociedade.
Jóias, maquiagem, penteados cobriam os corpos de mulheres e homens nas civilizações antigas de forma quase indistinta, com a possível ressalva de que aos homens à frente destas civilizações, seus monarcas, faraós, cabia maior dose de esplendor. A maioria destas civilizações, cabe lembrar, eram falocêntricas. Entre os animais, são os machos, como no caso de muitos pássaros, que se valem da exuberância de seus corpos para seduzir as fêmeas. Não se pode esquecer que um dos maiores ícones da moda na civilização ocidental foi um homem, Louis XIV, o Rei Sol, que esteve à frente da França Barroca e foi um grande amante do salto alto.
...O século XX abole em alguns momentos algumas dessas convenções e torna-se então um palco em que novas cenas para a apresentação da sexualidade se encenam.As fronteiras entre o masculino e o feminino começam a borrar-se intensamente e a um só tempo seduzem e assombram pelo mistério que comportam...
...Não existimos, portanto, a não ser como meios, mensagens de algo para alguém. Irremediavelmente fadados à redução linguageira, ao falar, ao interpretar uma imagem, evocam-se redes de significação outrora tramadas.
É o Outro da linguagem que fala por nós: rios de fios, novelos perdidos mas que não cessam de tramar-se a novas redes produzindo outros surtos de significação: Passado, presente e futuro confundem-se assim e aqui.
...O corpo-vestido masculino encontra-se hoje em um entre-lugar, o que significa que também a mulher se depara com as imagens encarregadas de traduzir a feminilidade em suspensão. Ocorre que, por uma espécie de esgotamento dos recursos e possibilidades de composição do design de moda feminino até por conta mesmo do fato de que o corpo-vestido masculino permaneceu, em linhas gerais, congelado e engessado, uma espécie de hibernação desde o século XIX, os olhares da moda voltam-se agora àquilo que pode advir do design de moda para o corpo do homem. É natural, portanto, que se abra uma palheta de possibilidades até há pouco tempo interditada ao universo masculino: inusitadas e incomuns combinações cromáticas, têxteis e formais, que incluem: saias–adotadas pelo Diretor de Criação da Louis Vuitton Marc Jacobs em suas últimas aparições públicas, calças de inspiração orientalista (Osklen, Mário Queiroz, Akihito Hira), paetês (Alexandre Herchcovitch), para citar apenas algumas das marcas e criadores que se aventuraram na busca de novas traduções do corpo-vestido masculino...
...O Design de Moda, nestes contextos, assume o papel de tradutor visual de novos olhares tramados sobre os lugares vestimentais do homem e da mulher. Trata-se, em outras palavras, de quase-manifestos, de defesas públicas de teses acerca de como se pode olhar um homem, a partir da maneira, modus, factio que ele se apresenta por meio de como recobre, envolve e adorna seu corpo´´.

15 de setembro de 2011

De onde vem as boas ideias


O acaso favorece a mente conectada.

Moda de rua

Aconteceu nessa semana o 7° Colóquio de Moda. Uns dos maiores eventos de moda do país é, na minha opinião, o mais interessante da área fashion, o congresso é voltado para a pesquisa e conta com professores, escritores, mestrandos, doutorandos e graduandos na área e afins como sociologia, arquitetura, antropologia, história, design entre outros.
Cada palavra solta é um aprendizado e isso é o que mais me encanta, uma reunião para o desenvolvimento dos conceitos e embasamentos para o estudo da moda.

Muitas palestas me cativam e esse ano a que mais me interessou foi da figurinista da globo Emília Duncan, a apresentação foi sobre o figurino da minissérie Amazônia, antes de começar  Ducan disse -`` figurinistas tem que ser aventureiros, capazes de viajar em qualquer mundo e apreciar cada diferença´´. Ao ouvir e anotar esse comentário surgiram milhões de ideias em minha cachola e decidi fazer um post sobre, dentro do meu conceito, o ``anormal´´, e com fotos de pessoas que me chamaram a atenção dar minha opinião.




A primeira foto é do artista Hélio Leites que apresentou a performance O pregador de botões. Entre muitas misturas e criações alguma referência pode ser decifrada. A roupa do artista é toda pregada de botões, inclusive os sapatos, as calças são pintadas e por esta razão expressa o artista: um contador de histórias.




Podem dizer que é feio, estranho, sem noção, mas tanta criatividade não foge do que ditam ser moda por ai. A personalização ou customização é um conceito bastante em alta e tende a crescer ainda mais é uma forma de reciclagem e sustentabilidade da peça.











A segunda foto é da doutora em psicologia clínica pela PUC/SP e professora do curso de graduação e pós-graduação em Moda da Universidade Anhembi Morumbi, Rosane Preciosa. Conheci a professora nos colóquios e sempre apreciei a maneira autentica de se vestir, alegre, independente, estilosa e livre de conceitos e paradigmas são definições minha referente a ela.

Seus looks são sempre engraçados, adoro a maneira como brinca com as cores e roupas. Mochila, sapato oxford e renda estão em alta, Preciosa utilizou-as de forma irreverente, ADORO.







E fazendo um gancho com a referência da figurinista também vou postar um personagem que conheci no Rio de Janeiro, personalidade excêntrica que me chama atenção.

 A imagem não é bonita nem é um motivo de apreciação, um andarilho, sujo, pedindo esmola pelas ruas do Rio de Janeiro.
É uma imagem triste, mas gosto da forma como ele usa a roupa pra se comunicar com as pessoas. Está com fome, precisando de dinheiro e anda que nem uma diva pra poder conseguir o que quer. Conversei com o personagem, pessoa simpática que entre elogios e esnobes conseguia um certo carisma.

Pode parecer idiota assimiliar um andarilho as tendências de moda, mas dá pra fazer inúmeras ligações com a foto, primeiro sobre a circulação dos produtos de moda, segundo a forma como esses produtos são introduzidos no cotidiano dessa pessoa e em terceiro as tendências de uma forma diferente, a saia que já foi mini e hoje é longa, a sobreposição de estampas e a bolsa de palha que é febre no exterior formam o look da personagem. 
Apreciar as belezas ocultas pelos olhos é um exercício interessante, libere sua íris
A BELEZA ESTÁ NOS OLHOS DE QUEM VÊ. 

9 de setembro de 2011

Phebo

Essa semana fui ao Rio de Janeiro e vi muitas coisas interessantes pra postar. Visitei a loja retrô da Phebo, quem gosta de produtos nesse estilo não pode deixar de dar uma passada por lá. A loja é LINDA, ambiente super agradável com produtos e decoração inspirados nos anos 50..
A loja foi inaugurada em 1930 pelos primos portugueses Antonio e Mário Santiago em Belém, no coração da Amazônia. A intenção foi criar uma linha de perfumaria de altíssima qualidade.
O nome Phebo vem do deus grego do sol, foi escolhido para simbolizar o nascimento de uma nova era de perfumaria brasileira. As criações tornaram-se fragrâncias marcantes e originais, que levaram a marca ao nível nacional, querida por gerações e sinônimo de luxo, glamour e moda.

Os produtos Phebo são vendidos em todo Brasil, mas pra quem não pode ir até uma das lojas pode entrar no site http://www.phebo.com.br/ ou ir ao primeiro supermercado que aparecer em sua frente, os sabonetes sempre estão nas prateleiras com preços acessíveis.
A loja que entrei no Rio fica bem no centro nas `` pharmácias´´ Granado. Produtos também retrôs  estão no mercado desde 1870, foram usados pela corte real e preferido de Don Pedro II. Pra saber mais da história e da tradição da mercadoria entre acesse o link: http://www.granado.com.br/produtos/Default.aspx.



 ALGUNS DOS PRODUTOS 

Coloquei alguns produtos comuns, na loja os mais interessantes são os talcos estilo vó e os sabonetes suspensos.. Um mais lindo e cheiroso que o outro.